Meus filhos não comem: como contornar essa situação?

“Meu filho não come nada”, “A hora do jantar é uma batalha”. Se você já disse ou pensou frases como essas, saiba que não está sozinho. Mas, e se eu te dissesse que a solução pode não estar apenas no que é servido, mas em como e onde é servido?

Muitas vezes, focamos tanto nos nutrientes que esquecemos que a alimentação é, antes de tudo, um ato social e isso é permeado de estímulos emocionais.

A qualidade do momento da refeição define a nossa relação com a comida. Quando nos sentamos juntos, sem telas, sem pressa e em um ambiente de afeto, nosso corpo reage biologicamente. Esse acolhimento estimula a liberação de hormônios do bem-estar, como a ocitocina (o hormônio do amor e do vínculo) e a dopamina. Isso significa que, se a mesa for um local de briga e cobrança, a criança associa o comer ao estresse. Se for um local de risadas e partilha, o alimento ganha o “sabor” do afeto.

Você se lembra do cheiro da cozinha da sua avó? Do tempero da sua mãe? Hoje, infelizmente, estamos trocando essa herança cultural por temperos prontos e produtos ultraprocessados. Estamos perdendo não só saúde, mas identidade. Os ultraprocessados “sequestram” o paladar das crianças com excesso de sabor artificial, tornando a comida de verdade “sem graça”. O antídoto é voltar para a cozinha. Cozinhar junto com seus filhos, sujar as mãos de farinha, ensinar a quebrar um ovo.

Resgatar as receitas dos mais velhos é um ato de honra e amor. A comida feita em casa carrega a energia de quem preparou, algo que nenhuma indústria consegue replicar.

Antes da primeira garfada, que tal praticar a gratidão? Ensinar às crianças (e relembrar a nós mesmos) que aquele alimento percorreu um longo caminho. O agricultor que plantou, o motorista que transportou, quem vendeu, quem cozinhou. Muita energia foi gasta para nos nutrir.

Comer é o momento máximo de autocuidado. É honrar o seu corpo e se conectar com a natureza. Quando ensinamos isso, a criança passa a ver o brócolis ou o feijão não como obrigação, mas como um presente para o corpo dela.

“Mas meu filho já cresceu e não come legumes”. Calma, sempre é tempo. Seja na introdução alimentar de um bebê ou na reeducação de um adolescente (ou até de um idoso!), a palavra-chave é persistência, não insistência.

O nosso paladar muda com o tempo e é treinável. A ciência nos mostra que, muitas vezes, precisamos provar um alimento de 10 a 15 vezes para começar a gostar dele. Não desista na primeira careta! Ampliar o repertório alimentar é um processo de paciência e amor.

Vamos transformar a mesa da sua casa em um lugar de encontro e saúde?

Quer saber mais sobre como transformar a alimentação da sua família? 

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Ormuz Serpa
Ormuz Serpa
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